Quando surgem os sintomas da Doença de Fabry?

Os primeiros sinais da Doença de Fabry se manifestam na infância e adolescência. Entretanto, por serem pouco específicos, o diagnóstico correto pode demorar anos, antes que se suspeite da verdadeira causa dos sintomas.1,2

Existem mais de 1.000 variantes possíveis para o gene associado à Doença de Fabry (gene GLA). Esta variedade faz com que a doença se manifeste de várias formas, pois pode haver desde um comprometimento leve da enzima α-Gal A até perda total da atividade da mesma.2

Há casos em que a Doença de Fabry atinge apenas um órgão.3

São sintomas bastante sugestivos de Doença de Fabry:

  • córnea verticilata (depósitos de pigmento na córnea seguindo um padrão em redemoinho);
  • angioqueratomas na pele (lesões avermelhadas com superfície grossa);
  • dor ou formigamento nas mãos e pés.

Mas, como podemos notar, nenhum sinal é específico da Doença de Fabry, podendo ser confundido com sinais de outras patologias. Por isso, o diagnóstico correto muitas vezes demora anos para ser realizado.2,4

Na forma clássica da doença, os órgãos mais comprometidos são os rins, coração, cérebro e pele.5

Algumas pessoas apresentam sintomas mais leves, enquanto outras mais graves. Os homens, geralmente, apresentam sintomas mais graves da Doença de Fabry, em comparação as mulheres.6

Fechar Cérebro

Alteração do Sistema Nervoso8,9

  • Tontura;
  • Fraqueza;
  • Vertigem;
  • Dormência no corpo;
  • Intolerância ao calor e ao frio;
  • Acidente Vascular Cerebral (derrame).
Fechar Olho

Alterações oftalmológicas2

Alterações na córnea como riscas ou espirais chamadas de córnea verticilata, vasos tortuosos e catarata.

Fechar Orelha

Problemas de Audição1,9

A audição frequentemente está comprometida na Doença de Fabry, podendo haver surdez progressiva ou súbita e zumbidos.

Fechar Coração

Problemas no Coração2

O coração pode desenvolver uma hipertrofia (aumento da espessura do músculo cardíaco) no ventrículo esquerdo, evoluindo para uma cardiomiopatia.

Fechar Estômago

Problemas de estômago e intestino2,10

Sintomas gastrointestinais são frequentes em mais de 50% dos pacientes com Doença de Fabry. Esta manifestação clínica é decorrente do depósito de Gb3 nos vasos do intestino. Os sinais gastrointestinais podem ser confundidos com síndrome do intestino irritável. Os principais sintomas são:

  • Diarreia;
  • Vômitos;
  • Náuseas;
  • Constipação;
  • Dor abdominal.
Fechar Rins

Problemas nos Rins2

A doença renal pode progredir para insuficiência renal e evoluir para necessidade de diálise e transplante.

Fechar Pele

Alterações na Pele2

Lesões vermelhas na pele (angioqueratomas), que surgem em geral na região do umbigo, mãos, joelhos, cotovelos e tronco, e espalham-se para as regiões genitais na adolescência.

Fechar Queimação

Dor e queimação9

Os pacientes apresentam dor nas mãos e nos pés que surgem antes dos 18 anos. Além disso, manifestam sensação de formigamento que piora com o calor ou febre.

Fechar Suor

Suor2,8

O paciente geralmente apresenta hipoidrose (redução de suor).

Fechar Suor

Osteopenia ou Osteoporose2

Ocorrem em mais da metade dos pacientes.

Fechar Pulmão

Pulmão2

  • Chiado;
  • Tosse crônica;
  • Falta de ar durante exercícios.
Fechar Ansiedade

Ansiedade e depressão9

Os principais sintomas durante a infância são a dor ou formigamento nas mãos e pés, que podem ser desencadeados por calor ambiente ou aumento da temperatura corporal relacionada aos exercícios físicos ou febre. Entretanto, esses sintomas são frequentemente interpretados de maneira errônea, diagnosticados como fibromialgia ou outra doença reumatológica.4,11

Sintomas da Doença de Fabry ao longo do tempo

idade de início Sinais e sintomas

Infância e adolescência
(≤16 anos)

  • Fadiga;
  • Piora da audição;
  • Disidrose (hipo e hiperidrose);
  • Dor neuropática (acroparestesia);
  • Hipersensibilidade ao calor e ao frio;
  • Início de problemas renais e cardíacos;
  • Distúrbios gastrointestinais e dores abdominais;
  • Alterações oftalmológicas: córnea verticilata, vasos tortuosos na retina.

Adulto jovem (17 - 30 anos)

  • Cardiomiopatia;
  • Alterações na face;
  • AVC (Acidente Vascular cerebral);
  • Proteinúria e insuficiência renal;
  • AIT (Ataque Isquêmico Transitório);
  • Progressão dos problemas renais e cardíacos.

Adulto (>30 anos)

  • AVC e AIT;
  • Osteopenia e osteoporose;
  • Piora dos problemas acima;
  • Doença cardíaca (hipertrofia de ventrículo, angina, arritmia, falta de ar).

AIT: ataque isquêmico transitório; AVC: acidente vascular cerebral.
Tabela. Sintomas da Doença de Fabry ao longo do tempo. Adaptado de Mehta et al.12

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  • Referências

    1. Bernardes TP, Foresto RD, Kirsztajn GM. Fabry disease: Genetics, pathology, and treatment. Rev Assoc Med Bras; 66: s10–6 (2020).

    2. Michaud M, Mauhin W, Belmatoug N, et al. When and How to Diagnose Fabry Disease in Clinical Pratice. Am J Med Sci. DOI: 10.1016/j.amjms.2020.07.011 (2020).

    3. Hagège A, Réant P, Habib G, et al. Fabry disease in cardiology practice: Literature review and expert point of view. Arch Cardiovasc Dis; 112: 278–87 (2019).

    4. Miller JJ, Kanack AJ, Dahms NM. Progress in the understanding and treatment of Fabry disease. Biochim. Biophys. Acta - Gen. Subj. 1864. DOI:10.1016/j.bbagen.2019.129437 (2020).

    5. Boggio P, Luna PC, Abad ME, Larralde M. Doença de Fabry. An Bras Dermatol; 84: 367–76 (2009).

    6. Arends M, Wanner C, Hughes D, Mehta A, Oder D, Watkinson OT, Elliott PM, Linthorst GE, Wijburg FA, Biegstraaten M, Hollak CE. Characterization of Classical and Nonclassical Fabry Disease: A Multicenter Study. J Am Soc Nephrol.28(5):1631-1641 (2017).

    7. Hoffmann B, Mayatepek E. Fabry disease-often seen, rarely diagnosed. Dtsch Arztebl Int. 106(26):440-7 (2009).

    8. Ortiz A, Germain DP, Desnick RJ, Politei J, Mauer M, Burlina A, Eng C, Hopkin RJ, Laney D, Linhart A, Waldek S, Wallace E, Weidemann F, Wilcox WR. Fabry disease revisited: Management and treatment recommendations for adult patients. Mol Genet Metab. 123(4):416-427 (2018).

    9. Sun A. Lysosomal storage disease overview. Ann Transl Med. 6(24):476 (2018).

    10.Germain DP. Fabry disease. Orphanet Journal of Rare Diseases; 5. DOI:10.1186/1750-1172-5-30. (2010).

    11.Martins AM, Kyosen SO, Garrote J, et al. Demographic characterization of Brazilian patients enrolled in the Fabry Registry. Genet Mol Res; 12: 136–42 (2013).

    12.Mehta A, Beck M, Eyskens F, et al. Fabry disease: A review of current management strategies. QJM; 103: 641–59 (2010).